quinta-feira, 8 de abril de 2010

Vαziα

Alguma coisa muito dolorosa acontece conosco.
A dor que sentimos parece nos corroer por dentro.
Chegamos a um nível onde decidimos fazer alguma coisa para amenizá-la.
Uma das saídas é construir barreiras que possam nos proteger.
Por trás das barreiras, um lugar só nosso.
É para lá que vamos nos momentos de crise.
Aos poucos, acostumamo-nos a viver lá.
Esquecemos de como é o mundo real.
Algumas vezes, ouvimos as batidas nos muros, a dor quer entrar.
Mas ignoramos. Porque estamos seguros.
Depois de um tempo, não ouvimos mais as batidas.
Elas tornam-se como os pássaros que cantam todos os dias.
Não percebemos o seu canto, já que ele está sempre lá.
A vida parece fácil, tranquila.
Somente quando prestamos atenção, podemos ouvir as agora leves batidas.
Mas não podemos diferenciá-las.
Porque não é só a dor que quer entrar, outras emoções também querem.
Amor, alegria, compaixão, amizade, felicidade.
Mas por qualquer rachadura nos muros, todos são capazes de entrar, inclusive a dor.
Então teremos que fazer outra escolha.
Tudo ou nada.
Quem não quiser sentir dor, quem não quiser sofrer, não poderá sentir nada.
É um preço - embora que não justo - a se pagar.
Será a dor - e todo o resto - ou o nada.

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